O padrão de relacionamento com os inimigos

" Eu, porém, vos digo: A,ai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem " (Mt 5.44).

O Padrão desejado por Jesus é que o cristão apegue-se à renúnica porque esta lhe proporciona a oportunidade de testemunhar com os próprios aos, diante dos inimigos, o seu compromisso com a cruz de Cristo.

Este versículo acima citado é um dos mais dificeis do Sermão do Monte, porque lida com uma área extremamente delicada da vida humana: a retaliação e o relacionamento com os nossos inimigos. Retaliar é o mesmo que represali, desagravo, desforra, revide.

Em primeiro lugar, percebe-se claramente que o Senhor tinha como único objetivo tratar das nossas reações estritamente pessoais e instintivas às agressões que sofremos. De modo algum estava fazendo a defesa da quebra de qualquer sistema jurídico, que determinava a punição do culpado pelo "principio da igualdade", ou seja " olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé po pé". (Êx 21.24).

No Sermão do Monte, o Mestre dirigiu-se exclusivamente a um público especifico - os súditos do Reino - para mostrar-lhe que a retaliação pessoal não pe própria dos que seguem a Cristo. Com isto, valorizou a renúncia como auma virtude peculiar aos cristãos verdadeiros (cf.Mt 16.24).

Mas o que significa a renuncia? No contexto em apreço, é a capacidade de conter a nossa reação natural de pagar na mesma moeda quando somos agredidos ou sofremos algum tipo de maldade. Segundo as leis judaicas, um homem em litigio " não podia ser despojado de suas roupas mais externas, embora pudesse sê-lo de sua roupa interior". Neste caso que se dê não só a vestimenta interna, mas também a capa. Que se ande não só a primieira milha, mas também a segunda (vv 40,41). Em outras palavras, o principio aqui transparente, na nossa vida pessoal, é que não se retalia ao mal mas paga-se com o bem (Rm 12.21; 1Ts 5:15). A Vingança pertence a Deus (Rm 12.19).

A renúncia assume lugar de importância na vida cristã porque proporciona ao crente a oportunidade de testemunhar com os próprios atos o seu compromisso com a cruz de Cristo (Mt 10.38). Ela implica a certeza de que praticar a fé é mais importante do que descer ao nível da retaliação, com seus males espirituais, morais e emocionais. Ao deixararmos de reagir com as mesmas armas ante aqueles que nos ofendem, desenvolveremos em nós mesmos um espirito nobre, ao mesmo tempo em que os ofensores ficarão desconcertados com a nossa atitude. Queiram ou não, terão de refletir, às vezes até com remorso, sobre as razões do nosso comportamento (At.16.19-34).

No verso 42, o Senhor introduz um assunto novo no sermão. Fica claro, no texrto, que não se trata apenas de pagar o malç com o bem, mas sermos também imparciais no trato com os nossos semelhantes, e não estarmos apegados de forma egoista aquilo que nos pertence. A idéia é que precisamos ter disposição de ajudar ao necessitado, mesmo que em outra circunstancia ele tenha sido o nosso agressor. è a capacidade de "doar-se", uma virtude que se esta tornando rara, hoje, entre os crentes.

Outro aspecto deste principio é a imparcialidade do nosso desprendimento. É próprio das pessoas ajudarem quando vislumbram a possibilidade de algum retorno. Mas segundo a Bíblia (Is 1.17) a verdadeira ajuda é aquela que se dispõe a estender a mão, independente de receber alguma coisa em troca, sabendo, por outro lado, que Deus age com justiça diante da sinceridade dos nossos atos (Lc 6.35; Gl 6.9)

Vem o ponto central ao se tratar o Senhor do relacionamento do cristão com seus adversários. No v.43, " aborrecerás o teu inimigo ", foi um acréscimo à lei divina pelos rabinos de então. Jesus aqui estabelece quatro niveis de atitudes.

a) Amar os inimigos;

b) Falar bem dos que nos maldizem;

c)Fazer o bem aos que nos odeiam, e

d) Orar pelos os que nos maltratam.

Em outras palavras, os termos que o Senhor propõe são absolutos. O propósito é inculcar em nossa mente que o amor de Deus derramado em nosso corações (Rm 5.5) não é preconceituoso, mas é capaz de ignorar as ofensas e amar os inimigos, contribuindo de todas as formas para que sejam restauradas (Rm 12.20;1Co 13.4-7). Jesus cimenta seu ensino em pauta mostrando que o Pai celestial faz com que " o sol se levante sobre maus e bons e chuvas dença sobre justos e injustos". E lança um repto, deixando claro que este dece ser o osso comportamento, se queremos ser "filhos do Pai que está nos céus". Mais adiante, nos versos 46 e 47, para reforçar o conceito o Mestre afirma com clareza meridiana que o amor não é seletivo. Segundo ele, fácil é saudar o amigo, aquele que nos favorece, ou os próprios irmãos. É certo continuar agndo desta forma, mas o galardão está em ter a capacidade de estender a mão ao inimigo. Se ele recusar o nosso gesto, a questão foge ao nosso controle, mas naquilo que nos compete, devemos fazer o possivel para ter paz com todos os homens. (Rm 12.18,19)